Exposições Potenciais

Conceitos básicos: riscos

A palavra RISCO pode assumir vários significados, causando desentendimentos entre comunicações interdisciplinares.  Que definições de RISCO a publicação fornece e qual era usada pela CIPR, antes da Publicação 60?

A palavra “risco”, fora da radioproteção, é comumente utilizada como a ameaça de um evento indesejável, incluindo tanto a probabilidade quanto a natureza do evento.

Em segurança nuclear, “risco” é definido como a expectativa matemática da magnitude da consequência indesejável, isto é, o produto da probabilidade e a consequência do evento.

O risco torna-se uma grandeza física, em que a unidade que expressa sua magnitude, não tem dimensão se risco significar probabilidade, mas assume determinada dimensão quando risco significar a expectativa matemática da consequência. 

Antes da publicação 60 usava-se “risco” como sinônimo de probabilidade de um efeito maléfico (principalmente câncer fatal e dano hereditário grave).

Como a CIPR quantificou os efeitos estocásticos provocados pela radiação em um indivíduo ou em um grupo de indivíduos?

  • Em um indivíduo os identificou como riscos da radiação à saúde para a probabilidade de graves efeitos atribuíveis estendidos aos seus descendentes.
  • Em um grupo de indivíduos estendidos aos seus descendentes chamou-os de detrimento da radiação à saúde.

A Publicação 60 da CIPR, emprega o termo DETRIMENTO como uma definição multidimensional de efeito maléfico individual envolvendo vários atributos associados à mortalidade. Quais são? 

Para efeitos estocásticos que incluem o câncer não fatal e efeitos hereditários graves, podem ser utilizados os coeficientes nominais de probabilidade ao se considerar o detrimento aos indivíduos proveniente da exposição potencial.

  • Deve ser conferida ênfase à probabilidade de uma morte atribuível. 
  • Deve-se reconhecer que as incertezas ao se estimar a probabilidade de ocorrência serão geralmente muito maiores do que as incertezas ao se estimar a probabilidade das consequências, caso a dose ocorra.

A CIPR, além dos atributos associados à mortalidade, que outras causas maléficas considera? 

Considera a mortalidade causada pelo câncer não fatal e desordens hereditárias utilizando o número de condições não fatais ponderado pela gravidade e pelo intervalo de vida perdida ou prejudicada.

Por que o uso da probabilidade incondicional de morte atribuível para um indivíduo é um início adequado para um sistema de proteção à exposição potencial, mas não é suficiente?

  • Porque a situação mudará se o evento que dá origem à exposição potencial realmente ocorrer. Com pequenas probabilidades do evento potencial, um limite de risco individual global poderia implicar em doses suficientemente grandes para exigir intervenção ou resultar em efeitos provocados por reações dos tecidos. 
  • Porque ao se determinar o risco individual, deve-se lembrar que a probabilidade condicional de efeitos deletérios, se uma dose for produzida, pode ser maior do que a probabilidade nominal porque as doses e as taxas de dose podem ser maiores do que aquela para as quais os coeficientes nominais de probabilidade foram escolhidos, e porque as reações do tecido podem se tornar importantes com doses mais elevadas. 
  • Porque algumas situações poderiam levar a grandes consequências com graves prejuízos sociais e econômicos para os grupos envolvidos, como a evacuação temporária, relocação a longo prazo por causa de grandes valores de radiação, ou contaminação de terrenos. 
  • Porque prejuízos econômicos e sociais podem persistir por longos períodos seja como resultado de processos de liberação muito lentos como os advindos de repositórios de rejeitos ou como consequência de contaminação contínua com isótopos de meia-vida longa após o evento.

Por que a especificação das consequências advindas das exposições potenciais torna-se complicada e controversa, ainda que a consideração de detrimento seja limitada a mortes atribuíveis?

Não é apropriado depender do uso do produto da probabilidade de um evento e do número de mortes atribuíveis caso ele ocorra, porque isto esconde o fato de que o resultado obtido será nenhuma consequência se o evento não ocorrer ou todas as consequências se ele ocorrer. Também envolve a adoção implícita de reciprocidade entre reduções na probabilidade e reduções na escala de consequências, isto é, a adoção de que um evento frequente com pequenas consequências e um evento raro com grandes consequências são igualmente detrimentais se os valores esperados das consequências forem iguais. 

Uma abordagem mais abrangente do detrimento coletivo, resultante das exposições potenciais é utilizar a análise multiatributo. O que caracteriza esta análise?  

Cada atributo das opções disponíveis deve ser identificado e quantificado até um grau viável, incluindo não apenas a probabilidade de morte atribuível, mas também outros fatores como separação social ou quebra econômica temporária ou a longo prazo resultante da evacuação ou realocação. A cada atributo é associado um grau de ponderação que representa sua importância. Os atributos ponderados podem ser agregados de forma a fornecer um número de mérito ou comparados individualmente com atributos ponderados das outras opções. O resultado final é uma base, em parte quantitativa e em parte qualitativa, para atribuir detrimentos para as opções alternativas de segurança.

Que principal problema apresenta a análise multiatributo?

O principal problema é que os fatores de ponderação introduzidos em um modelo de tomada de decisão multiatributo representam julgamentos de valores com implicações de natureza ética e política. Por isso, o uso de modelos matemáticos para tomada de decisão não deve ser levado muito longe, de maneira a perder ou obscurecer a transparência desses julgamentos de valores.

 

Links Relacionados

 

Publicações