Exposições Potenciais

Princípios básicos

Por que ao se passar das exposições normais para a esfera mais ampla das exposições potenciais, a aplicação prática do princípio de justificação torna-se mais complicada? A quem cabe a decisão final?

Para alguns cenários, a probabilidade de ocorrências pode ser muito pequena, mas se ocorrer um evento previsto pelo cenário, as consequências podem ser julgadas como inaceitavelmente elevadas. Esses casos devem ser incluídos em uma determinação de justificação e a tolerabilidade do evento deve ser considerada em termos, tanto das probabilidades, quanto das consequências envolvidas. Tipicamente, a decisão final sobre a tolerabilidade desses cenários de tão pequena probabilidade e tão grandes consequências, assim como parte de uma justificação de uma atividade, é tomada no ambiente político ou sob orientação ou autorização política explícita.

Ao se passar das exposições normais para a esfera mais ampla das exposições potenciais, o que se deve considerar na aplicação prática do princípio da otimização?

Em relação a qualquer fonte específica dentro de uma atividade justificada, a probabilidade de sofrer exposições, a magnitude de doses individuais e o número de pessoas expostas devem ser todos mantidos tão pequenos quanto racionalmente exequível, considerando-se os fatores econômicos e sociais. Deve-se determinar como utilizar melhor os recursos para as medidas de segurança, a fim de manter as consequências radiológicas potenciais, assim como as suas probabilidades de ocorrência, tão pequenas quanto racionalmente exequíveis sob as circunstâncias predominantes.

Quando podemos parar de aplicar o princípio da otimização de acordo com a publicação 64 de CIPR?

Quando o incremento de segurança seguinte exigir um desdobramento de recursos, ou causar um aumento no custo social, que seja desproporcional à redução resultante na probabilidade ou magnitude da consequência radiológica, não é de interesse da sociedade que esse procedimento seja adotado. Pode-se então dizer que as medidas de segurança foram otimizadas e os riscos remanescentes são tão pequenos quanto racionalmente exequíveis, tendo sido considerados os fatores sociais e econômicos.

Como a publicação 64 da CIPR justifica a introdução das restrições de risco?

Como os riscos acima dos limites de risco individual são considerados inaceitáveis, deve-se estabelecer uma restrição de risco menor do que o limite como parte da análise.

Quando a introdução da restrição de risco torna-se particularmente importante?

Quando se determina a aceitabilidade de uma sequência de eventos ou cenários, já que o risco associado a um cenário específico é apenas parte de um risco global, para o indivíduo proveniente de todos os cenários e fontes.  Ele pode também servir ao propósito de uma partilha a priori de um limite de risco global, para qualquer sequência de fontes, cenário ou evento específico, já que o indivíduo pode estar, potencialmente, exposto a várias fontes de atividades humanas. Ainda pode fornecer mais uma medida de cautela, quando se aplicam valores de probabilidade com distribuições ou incertezas amplas.

De acordo com a publicação 64 da CIPR, além dos princípios fundamentais de proteção radiológica, deveriam  ser aplicados princípios técnicos gerenciáveis,  ao que?

Estes princípios deveriam ser aplicados ao sítio, ao projeto, à construção, à operação, à desativação e à deposição final das fontes de radiação, todos comensuráveis com o risco. 

Qual é o primeiro mais importante princípio técnico de radioproteção, de acordo com a publicação 64 da CIPR?

É que devem existir camadas de segurança que se sobrepõem: “defesa-em-profundidade”, isto é, estruturas, componentes, sistemas, procedimentos ou combinações destes. As razões fornecidas pela publicação 64 da CIPR, para justificar o primeiro e mais importante princípio técnico de proteção radiológica são:

  • Que as pequenas probabilidades globais de falhas são mais facilmente controladas por uma combinação de camadas protetoras independentes, de modo a tornar multiplicativas as probabilidades de falhas.
  • Que modalidades de falhas imprevisíveis têm um efeito menor sobre a proteção global quando há muitas camadas protetoras independentes.

Com que base deve ser estabelecido o grau de “defesa em profundidade”, de acordo com a publicação 64 da CIPR?

Deve ser estipulado de acordo com a complexidade e tamanho da fonte de radiação, bem como as consequências potenciais no evento de um acidente. Os conceitos de prevenção e mitigação de acidente são corolários deste princípio de “defesa em profundidade”.

De acordo com a publicação 64 da CIPR, por que os conceitos de prevenção e mitigação de um acidente são corolários do conceito de “defesa em profundidade”?

Porque a ênfase deve ser colocada primeiro nas medidas que servem para evitar acidentes e depois, substancialmente, os efeitos do acidente, caso ele ocorra. 

De acordo com a publicação 64 da CIPR, o projeto, a construção e a operação de fontes de radiação devem estar baseados em quais princípios e práticas sólidos?

Em princípios e práticas de engenharia, que foram aprovados por ensaios e experiências sujeitos à necessidade de pesquisa e de inovação para melhorar a segurança e que estejam expressos em códigos e padrões aprovados, ou em outros instrumentos adequadamente documentados.

De acordo com a publicação 64 da CIPR, o que deve assegurar um sistema abrangente de garantia da qualidade?

Um sistema abrangente de garantia da qualidade deve assegurar, com grande confiabilidade que o projeto, a construção e a operação de fontes, satisfaçam as exigências especificadas.

Por que deve ser treinado e qualificado, para o desempenho de suas funções, todo o pessoal em presença da radiação, que possa afetar a segurança?

Deve ser levada em conta a possibilidade de erros humanos, como uma das principais contribuições para muitos eventos e tomadas de medidas, isto é, para facilitar as decisões corretas e inibir as decisões erradas, para reduzir esta última contribuição e fornecer meios de corrigir ou compensar estes erros.

Como devem ser realizadas as determinações de segurança como parte integral do projeto, da construção e da operação de uma fonte de radiação?

Devem ser bem documentadas, independentemente revisadas e sistematicamente atualizadas à luz de qualquer informação de segurança significativa nova. Deve ser estabelecido um mecanismo de realimentação, de modo que as deficiências da segurança baseadas na experiência operacional, possam ser levadas em consideração nos projetos e nas construções posteriores.

Além dos princípios técnicos, que princípio gerencial essencial a todos os indivíduos e organizações a publicação 64 da CIPR sugere? 

Sugere o estabelecimento de uma abordagem consistente e penetrante da segurança que governe todas as ações associadas à construção, à operação e à deposição final de fontes de radiação.  Este princípio foi chamado de “cultura de segurança”.

Como a publicação 64 da CIPR define o que foi chamado de “cultura da segurança”, no contexto da área nuclear?

Como aquele conjunto de características e atitudes em organizações e indivíduos que estabelecem que, como principal prioridade, as questões de segurança recebam a atenção merecida por sua importância. Refere-se à dedicação e responsabilidade pessoal de todos os indivíduos engajados em qualquer atividade que tem a ver com a segurança das usinas de potência nuclear. A “cultura de segurança” se aplica a todas as fontes e serve para enfatizar, tanto as atitudes pessoais a hábitos de pensamento, como as abordagens das organizações e suas prioridades.

De acordo com a publicação 64 da CIPR, o princípio de “cultura de segurança” o que exige e no que implica?

Exige que todos os deveres importantes para a segurança sejam conduzidos corretamente, com prontidão, com consideração devida e completo conhecimento, sólido discernimento e um sentido apropriado de responsabilidade. Ele implica em uma atitude de aprendizado em todas as organizações em questão, levando-se em conta toda a experiência operacional pertinente, assim como novos resultados de pesquisa, como base para aperfeiçoamento e determinações da segurança.

Com exceção dos órgãos governamentais, a quem pertence a principal responsabilidade para alcançar e manter um controle satisfatório das exposições à radiação?

Pertence objetivamente aos corpos gerenciais das instituições que conduzem as operações de onde se originam as exposições. Quando os equipamentos ou instalações são projetados e fornecidos por outras instituições, elas, por sua vez, têm a responsabilidade de verificar que os itens fornecidos sejam satisfatórios, se forem utilizados como se pretende.

Qual é a principal responsabilidade dos governos para alcançar e manter um controle satisfatório das exposições à radiação?

Eles têm a responsabilidade de criar órgãos regulamentadores que, por sua vez, têm a responsabilidade de fornecer uma estrutura regulamentada e muitas vezes também orientadora para enfatizar as responsabilidades dos corpos gerenciais, enquanto que, ao mesmo tempo estabelecem e impõem padrões gerais de proteção. Eles também podem ter que assumir responsabilidade direta quando, como no caso das exposições a muitas fontes naturais, não houver entidade gerencial pertinente.

 

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