Exposições Potenciais

Aplicação na prática

O que traz o ICRP 64 sobre erros humanos relacionados a fontes e atividades, tanto mais complexas como menos complexas? 

Atividades mais complexas, em grande parte, não têm sua operação centralizada em uma sala de controle como no caso dos reatores nucleares e os processos e procedimentos estão sujeitos a alterações frequentes. Esta publicação as considera muitas vezes mais passíveis de falhas humanas. Assim, recomenda dar ênfase à determinação da confiabilidade humana, aos procedimentos operacionais bem desenvolvidos, ao treinamento e ao gerenciamento da vigilância.

Atividades menos complexas empregam fontes com equipamentos e procedimentos mais simples e diretos e operações individuais de uma fonte que envolvem poucos trabalhadores. Contudo, se as fontes não forem utilizadas adequadamente, podem ser perigosas, constituindo risco de radiação principalmente para os trabalhadores. A segurança não pode ser garantida apenas pelo projeto do equipamento. Recomenda-se procedimentos operacionais simples e bem desenvolvidos, o treino adequado do pessoal e um comportamento de segurança positivo para impedir a exposição potencial.

Em que medida a prevenção e a mitigação podem contribuir para reduzir o risco da perda ou roubo de fontes?

A prevenção e a mitigação são as principais maneiras de se reduzir o risco proveniente da perda de fontes. A segurança da fonte é a medida preventiva e inclui instalações seguras de armazenamento, procedimentos que garantem prestação de contas das fontes e adequada proteção após as operações ou durante o transporte. A mitigação está mais relacionada à clara identificação da natureza da fonte e a instruções simples para evitar os danos. A fonte selada ou o seu equipamento devem ser etiquetadas de modo a alertar quanto ao seu perigo. O projeto inclui aspectos que inibem a dispersão da contaminação se esta fonte for danificada após perda ou roubo.

Quais os principais aspectos da análise da exposição potencial nas atividades médicas?

Destina-se a garantir grande confiança de que a dose diagnóstica ou terapêutica seja produzida conforme foi prescrita. é apropriado o uso da DPS ou de métodos determinísticos durante a fase de projeto do equipamento de tratamento, a fim de se conseguir um grau de confiabilidade apropriado. Um aspecto importante da avaliação da exposição potencial para atividades terapêuticas é a interface humana, já que a experiência indica que os acidentes em terapia geralmente têm um componente de falha humana.

O conceito de defesa-em-profundidade discutido anteriormente é aplicável ao diagnóstico e terapia?

O conceito de defesa-em-profundidade discutido anteriormente é aplicável ao diagnóstico e terapia. No entanto, nestas atividades, a defesa-em-profundidade envolve principalmente a qualidade bem planeja da nos procedimentos de gerenciamento que começam com a indicação do paciente para o diagnóstico ou terapia e continuam durante todo o processo. Eles incluem, muitas vezes, verificações, cálculos ou confirmações independentes por dois indivíduos nas fases críticas dos processos.

De que dependem as estimativas de exposição potencial no caso especificamente de rejeitos radioativos?

As estimativas de exposição potencial dependerão em grande parte das probabilidades estimadas para cada cenário e a sequência do evento crítico em cada cenário. Aspectos da redução do risco proveniente da exposição potencial, isto é, garantia da qualidade, prevenção e mitigação, defesa-em-profundidade etc., são tão aplicáveis à deposição do rejeito radioativo como são em outras atividades. Uma diferença importante é o tempo quando a falha resulta em uma dose, no entanto, as escalas de tempo envolvidas, especialmente longas, introduzem complexidades maiores na determinação.

No caso de exposição normal, há medidas de isenções quando está claro que uma atividade está justificada e as medidas regulamentárias são desnecessárias. No caso das  exposições potenciais, qual a base para isenção?

No caso de exposição normal os fundamentos para a isenção são o fato de que as fontes dão origem a pequenas doses individuais (da ordem de 10?Sv por ano) e a proteção é otimizada, isto é, melhora na redução da dose. Não há base análoga para isentar a exposição potencial do sistema regulamentador. O uso de critérios de isenção para exposições potenciais não quer dizer que as sequências de eventos, com probabilidades estimadas menores, não possam ocorrer. Quer dizer que não é factível nem significativo considerá-las na implementação prática de um sistema de proteção às exposições potenciais. 

O que é considerado racional, para desprezar cenários ou sequências de eventos de maiores considerações dos riscos associados a situações de exposição potencial?

Para desprezar cenários ou sequências de eventos poderia concentrar-se nas implicações para a aceitação:

  • da atividade humana (om base no princípio da justificação);
  • das opções de segurança adotada (com base no princípio da otimização);
  • do risco individual resultante (com base no princípio de limitação de risco individual); e
  • de consequências com expectativa insignificante que podem ser desprezadas em uma primeira etapa da avaliação a fim de concentrar-se melhor nas que incluem riscos predominantes.

Qual o primeiro  passo estabelecido no ICRP 64 para a  regulamentação no contexto das exposições potenciais?

O primeiro passo na regulamentação, dentro do contexto de exposições potenciais, é o de se estabelecer um dever, na gerência de operação, de realizar as determinações da frequência esperada e das possíveis consequências de eventos, como acidentes e erros importantes de projeto e de operação que poderiam dar origem a doses muito maiores que aquelas encontradas em condições normais. Estas avaliações serão feitas necessariamente com bases em sequências identificadas de eventos. A possível existência de sequências raras não identificadas torna impossível justificar-se as determinações que resultem em valores muito pequenos da probabilidade global e acidentes.

Qual o segundo  passo estabelecido no ICRP 64 para a  regulamentação no contexto das exposições potenciais?

A segunda etapa é a da revisão regulamentária. O órgão regulamentário deve estabelecer um procedimento, para revisão das avaliações do operador, que depende da provável escala dos problemas causados pelos eventos que originam as exposições potenciais. 

Que observações traz a  publicação sobre o uso de restrições de risco no contexto da regulamentação? 

A obediência a limites e restrições de risco deve ser julgada a partir dos resultados das determinações da qualidade do projeto, da operação, da manutenção da instalação, dos equipamentos e da organização gerencial.
Em algumas instalações onde as consequências de um acidente poderiam se graves, o procedimento pode envolver uma revisão detalhada da avaliação global, possivelmente ligada a um sistema anterior à aprovação ou à licença. Deve ser considerado o uso de restrições de risco relacionados a sequências individuais. Estes podem tornar desnecessário o estabelecimento de limites de risco globais que são difíceis de serem selecionados e ainda mais difíceis de serem impostos.

 

Publicações